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sábado, 7 de novembro de 2015

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D,
algumas pessoas
carregam um romance a vida inteira
e nunca o vivem
isso é provavelmente o que nos acontecerá

flameja o céu pensar em tal destino
e eu não sei se meus pés aguentariam
o peso de uma vida leve sem você
mesmo sua presença sendo ausente,
é equilíbrio te ter em outra cidade

ninguém espera uma boa convivência
entre Cuba e Estados Unidos,
eu não espero sua ligação


um dia
te deixarei ver 
todas as minhas mortes,
meus escapismos,
minha insensatez
e por fim, o polén
e eu o verei ir embora como há um ano (ou seis meses, ou dois, ou como na semana passada), porque esse é o seu grande truque final:
você sempre vai
embora

Tatiane Salles.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ROCK IN RIO.

talvez
o mundo
tenha ameaçado acabar
com uma globalização inteira
porque não sorrimos continuamente
um para o outro

a musicalidade poética estampara as telinhas
de todas as casas e apartamentos
e bares de rodoviárias
apartir do décimo oitavo dia
para deixar claro que
coincidências não existem
e que provavelmente sorririamos outra vez
se Mark gritasse "trégua" durante a primeira canção,
mas ele nunca vem

Tatiane Salles.



quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Odisseia.

nos perdermos em nós
nos acharmos em nós
sermos nós
em nós
SS.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Céu.

todo mundo que conheço quer ir embora
para algum lugar de onde ninguém mais queira ir embora.

é...

não cabe esse tanto de gente
no azul do seu colo.

Tatiane Salles.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Conexão.

a paz que sinto
você é parte
da paz que tenho
você é paz

o bom dia
de todos os dias
essência, perfume, cheiro
utopia
chuva que ameaça,
mas não caí
seu agasalho
porque me abraça

quis que sentisse
para que também dissesse
você disse
paz

Tatiane Salles.

domingo, 31 de maio de 2015

Antípoda.

cavando três bilhões de quilômetros
dentro de mim
saí em ti.












[douglas, você é tão grande
que só coube em três versos.]

Tatiane Salles.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Gradiente.

todas as coisas estão fadadas a alteração da matéria
e eu suportei sua metamorfose
dentro do meu mais pacífico holocausto.
a borboleta que tenho receio em tocar
hoje.

cada parte que se dissolvia era um espaço a mais
para uma valsa
ou um voo.
as dores lancinantes se transformaram em algumas cicatrizes
meio à outras cicatrizes que eu sequer recordo
como foram ocasionadas.

o ser humano é um degradê de esperanças e feridas, vê?
me submeti à instabilidade dos seus cinzas
e foi a pior viagem
com a melhor companhia
que eu jamais tive.

admirei olhos castanhos e céticos,
mas sabia que te olhar era me olhar
e não possuía certeza se gostava do que via.
sobretudo, sempre quis descansar em suas esferas.
porto seguro.

continuo achando que provavelmente somos o mesmo lado do equilíbrio,
porém é tão efêmero acreditar que você é yin e eu sou yang, tão.
ambos sabemos que não estamos ligados,
de nenhuma forma,
só nos parecemos.

no arco-íris,
no terremoto,
na carta-branca,
no “não se mate",
no xeque-mate.

é improvável que a gente se esbarre
em um conserto de Knopfler
quinze ou vinte anos à frente
e tome três doses de um destilado qualquer,
admirando juntos o quanto poderíamos ter vivido.
é improvável que a gente viva alguns quinze ou vinte anos à frente.
é mais provável crer que, certamente, eu descobrirei que não te amo
tanto como penso e que você se tornará uma das cicatrizes
que eu não me lembro
como consegui.

Tatiane Salles.