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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Não tenho.

Não pronuncio 'amor' em versos,
Não tenho.
Não pronuncie o amor em vão.
Não o jogue pelos ares
Como as bolhas de sabão que fizestes no outono passado.
Ele pode secar, assim como as folhas que caíram hoje cedo.

Não o diga sem razão, por mil razões.
Não experimente, não saboreie, não se embebede
Sem ter intenção de ficar e senti-lo de todas as formas e jeitos.
Não brinque, não cometa loucuras sem remissão...
De espalhar aos quatro cantos do mundo,
Um sentimento tão frágil, forte e singular.
Todo segredo e virtude.
Todo beleza, perfeição e exílio na terra.
Não o conjugue.


"Não se inebrie com o som das batidas do meu coração.
Que te chama sem querer existir, sem poder estar.
Não me dê razão, não me dê motivos,
Não me faça perguntas, somos sem cobrança.
Me deste a opção de escolha.
Eu á fiz, porém não tenho.
Participo do seu jogo."

Ao amor e ao não ter.

Tatiane Salles.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Me (a)guarde.

E esse medo de morrer sem me encontrar?
E esse encontro que me encontro sem te ver?
Era noite, era madrugada, era dia.
Que fosse sol ou chuva,
Que fosse lua cheia ou tarde de domingo.
Tanto faz, tanto fez,
Eu sempre estarei morta pra você, com medo ou sem.
Eu sempre estarei cansada de tudo e de todos,
Sem sequer exercer algum trabalho fixo.
Eu nunca terei esperanças,
Mesmo te esperando todos os dias, coração.

Me esqueça quando quiser, porém me (a)guarde.
Eu sempre lhe mandarei aquelas cartas de inverno,
Mesmo que não me leia mais com a frequência de antes.
E mesmo que estando ausente, inativa, fria ou já partindo...
Todas elas terão final romântico, eu prometo.

Ao meu amor, com muito amor e solidão.


Tatiane Salles.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Deixe-o ser.

Universo que restringe interpretações.
Orbita insignificante que carece ser expressa.
Em meio a ela, quero ser sem par.
Irei habitar a onde jazem as ruínas.
Não seria o correto, mas é preciso.
Desabar e retornar-se a completude.
Embora dor, talvez haja beleza nas feridas
E marcas deixadas pelo meu tempo.
Expressões à ventania que lapida o eterno.
Ser maleável, moldável;
Em ser significativo por existir,
Sem a carência extrema...
De ser só ser e sentimento.

Ao que vale.


Tatiane Salles.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Não significa mais.

Sabe, as vezes fico me perguntando se você vale tão a pena como todas as palavras que até hoje foram escritas por mim direcionadas a sua pessoa.
Se sou tão inútil, ou se posso ceder esse adjetivo pra você, já que nem pra vir me ler você presta mais.
Eu só queria, entretanto, entre-tudo, saber que força é essa? Será radiação da P? Será essa merda de paixão que muitos falam? Mas espera aí, eu nunca fui apaixonada por você. Se quer saber mesmo, eu nunca gostei de você. Eu nunca te amei, meu amor. Ou nunca quis me absorver de tal. Froids te explicara melhor o que eu senti... Enquanto isso não se finda, posso te dizer que esse é um mundo projetado, miseravelmente nosso. 
Em cada parte dele, uma parte de pele nossa, descascando imperceptivelmente, solene, sem voz ativa. Fora as outras mil contradições que cercaram esse cercado de sonetos e devaneios que me passaram todas as noites que deitei na cama e do nada me veio a sua imagem. Fora todos os cabides que tirei do guarda-roupa atoa, pensando em descontar aquele dia que você foi naquela balada tosca na rua de cima da sua casa. E essa nossa respiração espontânea, nossas opiniões contrárias se libertando de cadeados com cheiro de ferrugem. Uma ofensa, parecida com quem acha que o que se vê refletido nesse espelho sujo é ilusão. Outra ofensa, bem maior que uma festa de galinhas da angola dentro do meu edifício. Desse caminho que não se escapa. Todos nos levam ao mesmo; a aquela estrada cheia de buracos. A aquela viela, a aquela esquina, a última esquina, e ainda da pra vê-lo daqui. So bad, so bad! E isso já significou algo pra nós dois. Não significa mais.
Então, renda-se ao clichê do meu pessimismo. Não espere muito desse mês, pois será idêntico aos outros, baby. Eu estou sóbria pro que há de vir a frente. E quando o seu autêntico ódio chegar, o que pode ser no meio dessa madrugada ou no começo da sua meia idade, me liga. Eu vou te atender e não vou perguntar se você está bêbado. Eu saberei que está. Você nunca soube lidar comigo lúcido.


Aos casos e tropeços.
Ao  sentimento que se dispersa, mas se encontra no final.
As paixões infundadas.


Tatiane Salles.